Vi assim, fiz assado

Desde sempre houve um baú na minha casa. Segundo consta o baú carregou os pertences de minha mãe para o colégio interno, que ela adorava, por sinal - Colégio Bennett, no Rio de Janeiro. Outros tempos! 


Grande e feinho, o báu morou muitos anos embaixo da cama de empregada. Mal tratado, tadinho, guardava o que estava dentro do coração mas se queria longe dos olhos.


Nunca tive coragem de joga-lo fora. Pensei em vendê-lo para ganhar espaço no quarto de guardados e  instalar o meu ateliê.  O antiquário ofereceu R$ 50,00. Não aceitei. Pouco tempo depois o baú seguiu emprestado para compor cenário de uma peça teatral. Dizem que fez sucesso. Senti falta dele. Onde colocar tudo o ele escondia?


Pensei em pintar, recobrir de tecido (papel de parede jamais!)... Me dei conta que tantos planos de salvamento significavam que eu não saberia me desfazer do baú. A  não ser  por extrema necessidade, mas este nunca foi o caso. O baú foi ficando...


Até que, recentemente, vi esta foto na internet:

Com a legenda: "Miss RI", mixed media on canvas, by Jill Ricci . 


Copiei a forma do motivo colado, muito agradecida à Jill Ricci porém sem o menor constrangimento. Esta forma se repete em muitas obras desde a mais remota Antiguidade.

Recortei uma montanha de peças mais ou menos exatas em papel  - usei revistas, cartões antigos, folhetos de propaganda... sem a preocupação de enquadrar motivos ou dizeres.  Afinal, eu não me importo onde Wally esteja.


Não precisei patinar o fundo, já que o baú exibia a pátina mais verdadeira - a do tempo (e dos maus tratos). Usei cola branca e pincel.

O baú ficou assim:

Mesmo antes dele ganhar alças novas de couro nas laterais ele foi morar na sala.
Missão cumprida - baú reformado! Finalmente... por quanto tempo???


Fica a idéia, pois todas nós temos uma peça que poderá  pedir roupa nova um dia.


A galeria de Jill Ricci está em http://www.jillricci.com/wp/?page_id=6 . Lindos trabalhos em técnica mixta. Vale a pena visitar.